Na obra de Ariès História Social Da Criança E Da Família é mostrada a visão do adulto perante a criança, de como ela não tem significação alguma perante o adulto. Mostra o papel da criança na Idade Média, sem espaço algum para interagir e mostrar sua opinião, afinal, a criança nessa época não era nada, era uma espécie de bibelô do adulto, um mini-adulto.
No século XVII a criança era já tratada como se fosse um adulto, algo que perdera sua infância e passara direto para a vida adulta, sem direitos a brincadeiras e até mesmo vestimentas apropriadas as suas idades. A criança possuía hábitos, costumes de um adulto. Não havia brincadeiras específicas para as crianças e muito menos havia espaço para elas na sociedade. Houve um isolamento, uma espécie de imposição de uma vida adulta, precocemente transformando as atitude, comportamento, postura das crianças adultizadas. A Idade Moderna vem para desmistificar essa figura de mini-adulto, passando agora a criança a ser e poder ser como criança. Começa então a surgir o conceito de família, a idéia da criança como um ser totalmente diferenciado do adulto, que possui suas particularidades, costumes, hábitos e agora suas próprias vestimentas e brincadeira apropriadas para elas. Podemos então observar que, da transição da Idade Média para a Idade Moderna há uma intensificação e valorização da criança em seu espaço, algo que possua sua identidade e reconhecimento como criança.
Para Freyre, na sua obra Casa Grande & Senzala já nos retrata algo não muito específico e direcionado para a criança como Áries, que nos trás a idéia da criança adultizada, da criança européia. Na obra de Freyre mostra mais a criança branca, índia e negra. Como eram tratadas de diferentes formas dependendo, claro, de sua posição e cor dentro de uma sociedade totalmente patriarcal e escravocrata.
A criança branca era, sem dúvida, tratada com mais privilégios e cuidada por todos, principalmente pelas amas de leite. Já a criança indígena o rumo da idéia de família é um pouco diferente: quem assume o papel principal da família é a mãe. É ela quem comanda e assume as responsabilidades que teórica e convencionalmente é agregara a figura masculina, onde é esta quem cuida da alimentação, filhos, marido. Já a vida do negro nessa época da escravidão brasileira é bem diferente e como todos sabemos é bem mais difícil da vida do índio. O negro vem para o Brasil forçado, sem conhecer ninguém e ainda é obrigado a deixar para trás todos seus costumes e aderir a vida do branco explorador.
A criança negra sofre muito mais que as crianças indígenas que são livres e brincam a vontade sem a repressão e humilhação que as crianças negras passaram. Num dos capítulos que Freyre nos trás é do comportamento e de como a criança escrava negra é tratada. Como uma espécie de brinquedo, presentinho para o filho do senhor de engenho. Porém teve-se uma vantagem da criança negra para a criança branca. Enquanto a negra era tratada com mais carinho e amor por seus pais, a criança branca era tratada como a criança de Ariès, uma criança vista como um mini-adulto, obrigada a se comportarem com respeito e posição de um adulto mesmo. A criança negra manteve seus costumes, sua tradições, algo que seus pais incentivaram e motivaram para que seus filhos não perdessem suas raízes culturais. A indígena teve sua educação introduzida pelos Padres Jesuítas e a branca era criada basicamente pelas amas de leite e esquecidas pelos seus verdadeiros pais.
(texto criado por Larissa Faria Alves, estudante do curso de Pedagogia)
Comparação de Áries e Freyre proposta pela disciplina História da educação na Europa e nas Américas.
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