Conceitos de infância, família e escola segundo Philippe Ariès
A criação do conceito e do sentimento de infância é um fenômeno histórico que surgiu apenas na Idade Moderna, a partir da análise das necessidades deste período etário. Philippe Ariès desvenda o processo de construção desse sentimento a partir da análise de elementos iconográficos. O autor se deteve basicamente, no estudo da criança e da família na França Medieval. A característica que marcou este período foi o fato de as crianças estarem inseridas no mundo adulto, sem diferenciação específica. Suas vestimentas eram praticamente iguais as de seus pais e até certa idade, tornava-se difícil distinguir meninos de meninas. Todas eram tratadas como mini-adultos, além de viverem em um mundo sem censura. Somente a partir do século XVII começou a se reconhecer a necessidade de discernir a participação das crianças no mundo adulto.
Reconhecida a fragilidade das crianças, a escola tornou-se um meio de isolar as crianças da vida adulta, preocupando-se com a formação moral, cristã e intelectual, visto que até a Idade Média as diferentes idades eram misturadas sem a devida preocupação em um mesmo ambiente de aprendizagem. A criação do ensino público proporcionou a separação de classes, sendo que nestas escolas estudavam apenas alunos pobres, separados das camadas burguesas e aristocráticas.
A criação da infância trouxe consigo a visão da criança no âmbito familiar como um brinquedinho frágil, comparado a um anjo. Algumas doutrinas foram adotadas após sua criação como manter a vigilância contínua sob as crianças, ter uma maior preocupação com a decência, habituá-las desde cedo à seriedade e evitar o mimo em excesso.
Conceitos de infância, família e escola segundo Gilberto Freyre
A infância apresentada no livro “Casa-Grande e Senzala” por Gilberto Freyre era praticamente ausente de meninos, pois estes desde muito cedo precisavam se comportar como adultos através de seus gestos e vestimentas. Até os cinco anos muitos dos meninos andavam nus como os moleques da senzala, sendo que por vezes, diferenciá-los era quase impossível.
O ensino era praticamente eclesiástico. As escolas eram compostas de salas de aula pequenas e sem ar, mas alguns meninos estudavam em casa com capelão ou mestre particular. Por vezes, uniam-se aos filhos de engenho os moleques da senzala para também aprenderem a ler e escrever. Através de castigos como o uso da cafua nas casas-grandes e da palmatória nas escolas, os meninos sofreram grandes abusos e humilhações por conta de seus professores.
Junto dos familiares, as crianças também sofriam outros tormentos. Para aproximarem-se do estilo dos europeus, os meninos eram obrigados pelos pais a castigar e maltratar os moleques e negrinhas da senzala. Em casa, os castigados por sua vez, eram eles. Em dias festivos deviam apresentar-se de terno bem alinhado e postura sisuda, sendo proibidos de brincar. Aos pais deveriam dirigir-se sempre os chamando de “senhor e senhora”. As não tinham direito à escola, eram doutrinadas para os afazeres domésticos, casavam em torno dos quinze anos de idade e deviam ser sempre tímidas. Através do regime patriarcal, os filhos e a esposa do senhor de engenho deveriam sempre submeter-se ao mesmo.
(Texto criado por Priscila Costa da Silva Aristimunha, estudante do 1º semestre de Pedagogia)
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