História Social da Infância e da Família, Philippe Ariès
O conceito de Infância como categoria social e histórica surgiu na Idade Moderna, quando se começou a pensar nesse período de vida com suas especificidades e necessidades. As crianças na Idade Média eram tratadas como mini adultos, participavam de todas as atividades em comunidade sem nenhuma censura, compartilhavam até mesmo da imoralidade não se acreditava na inocência delas. Em suas vestimentas até certa idade, não distinguiam meninos de meninas, quando cresciam vestiam-se com roupas idênticas aos pais, essas vestimentas eram desconfortáveis. Por volta do século XVIII as roupas começam a se tornarem mais folgadas e leves.
Ao reconhecerem as crianças como sendo seres frágeis, delicados e desprotegidos os eclesiásticos e moralistas perceberam a necessidade de isolar os pequenos para sua formação moral e cristã. Nos colégios presididos por eclesiásticos os jovens eram ensinados a “rezar e obedecer”, dentro de uma rigorosa disciplina. Estado instituiu os colégios públicos e laicos, aos filhos de pobres era prioridade se ensinar um ofício, já aos filhos de ricos se ocupava da formação intelectual para que no futuro se tornassem governantes. A estrutura escolar sofreu diversas modificações, por exemplo, não havia separação por idade nas classes, professores dividiam o mesmo espaço.
Com a criação do ensino público obrigatório as famílias conjugais passaram a ter um papel fundamental na vida social, pois aos pais foi atribuída a obrigação de manter os filhos nos colégios. Antes disso entre as classes populares não havia esse sentimento de família, as pessoas viviam em comunidades, uns cuidando dos outros.
Casa Grande & Senzala, Gilberto Freyre
A criança indígena aprendia através dos costumes da tribo, com a criação dos colégios jesuítas pretendia-se catequizar e civilizá-lo nos moldes europeus.
As crianças brancas tinham liberdade de chamar mamãe e papai apenas na primeira infância, depois a formalidade e obediência total deveriam ser observadas no tratamento com os pais. Os “senhorzinhos” viviam um paradoxo entre a formalidade e o excesso de liberdade com as escravas com quem aprendiam quase tudo, inclusive a iniciação sexual.
Os meninos brancos conviviam com os “negrinhos” e com eles aprendiam nas salas de aula das capelas dos engenhos, sob a rigidez do padre ou capelão, o ensino era basicamente o religioso. Existiram professores negros nesta sociedade, estes eram doces e bons com os alunos, o oposto dos padres e mestres severos nas punições e muito “ranzinzas”.
Após a independência começaram a surgir colégios onde se ensinavam as ciências, os alunos vestiam-se de paletó e gravata, o regime era de internato. O professor era autoridade absoluta, podendo punir fisicamente seus alunos.
As meninas, raras as exceções, não frequentavam colégios, eram preparadas para serem esposas submissas aos maridos. A família da sociedade açucareira era patriarcal, os filhos e esposa se submetiam ao senhor de engenho, restando a eles servirem e obedecerem, quase uma relação de escravidão.
(Texto criado por Aline Moreira dos Santos, estudante do 1º semestre de Pedagogia)
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