Para Gilberto Freyre, os três principais pilares da colonização portuguesa são a miscigenação, o latifúndio e a escravidão. O livro sociologicamente relata sobre a identidade nacional brasileira, descrevendo a vida colonial como constituinte fundamental para a formação de nação mestiça – português, índio e negro. Há predominância de antagonismos durante todo o relato, como o católico e o herege; a cultura européia e a africana; a africana e a indígena; o jesuíta e o fazendeiro e o principal deles: o senhor e o escravo.
Todo mundo carrega, no corpo ou na alma, alguma marca da influência negra, na música, no andar, nas lembranças com a ama-de-leite, no primeiro amor físico e sensações. Gilberto inicia o capítulo enfatizando a importância da ama-de-leite e o ato de amamentar a criança branca e seus efeitos psicológicos. Esse vínculo causava aproximação e predileção; um exclusivismo mais tarde evidenciado na relação homem – mulher dentro do casamento, como o exemplo do rapaz que conseguia se excitar apenas com o cheiro do “trapo” da sua mucama, antes sua ama-de-leite na infância.
Geograficamente, o litoral agrário foi a região de maior influência africana. E o negro trazendo uma cultura superior à cultura do índio, aquele sendo indivíduo legítimo da escravidão, foi capaz de desenvolver o trabalho agrícola obrigado pelo regime de escravidão. Ao se falar de sociedades primitivas (ex. sudaneses) concordaram melhor para a formação econômica e social do Brasil. Têm predisposição biológica e psíquica para a vida nos trópicos. Os negros têm gosto pelo sol; já os índios reverenciam os dias de chuva (Tupã). Segundo relato de Bates, o negro é adaptável, extrovertido, alegre, vivo. Lembra-se a expressão: “Todo dia é de festa em Salvador”. O índio, introvertido, reservado e desconfiado. Estes foram incapazes para o trabalho agrícola regular, pois eram nômades. Os índios são cerimoniais; os negros, corteses. No Brasil central, os negros fugitivos e índios formaram quilombos (cafuzos) e lá desenvolveram grandes plantações, criação de galinhas, algodão.
A cultura e peso do homem negro e a sua dieta alimentar mais equilibrada dominaram a cozinha brasileira; tornaram-se os verdadeiros donos da terra.
Conforme pesquisa de Leonard Willians, o caráter racial tinha influência pelas glândulas endócrinas. Descrevia a diferença entre asiáticos e europeus; entre latinos e anglo-saxões. As glândulas piruritárias e supra-renais no processo de pigmentação da pele foram estudadas com grande discussão na Biologia e grandes problemas emergiram para as áreas da antropologia e sociologia modernas. Outra série de pesquisadores e cientistas trabalhou no contraste de negros de certas regiões da África com os da Amazônia; na teoria da transmissão dos caracteres adquiridos; Pavlov e Mc Dougall desenvolveram pesquisas com ratos (reflexos condicionados ou não-condicionados); enfim, wesmannianos contra neolamarkianos se enfrentaram na fisiologia e na biologia para “decifrarem” características dos negros. Frank Boas cita outra experiência: tamanho do crânio e também, a quantidade dos pêlos, indagavam que os negros eram descendentes diretos do chimpanzé; mas, os louros australianos...?? E assim, vai se refletindo o preconceito.
Antropólogos revelaram que os negros têm grande memória, intuição, percepção imediatas das coisas... Têm iniciativa, talento para organização, poder de imaginação, aptidão técnico e econômico. É necessário lembrar que estas características são sempre focadas no negro escravo, que sempre foi negligenciado, discriminado e sofreu preconceitos ferozes até hoje ainda presentes na história.
Os africanos vindos para o Brasil eram procedentes da cultura maometana (islamismo), cultura superior à dos índios e à maioria dos colonos brancos (semi ou analfabetos). Estes africanos sabiam ler e escrever, caracteres semelhantes ao árabe. Nas senzalas da Bahia (1835) havia mais gente lendo e escrevendo do que na casa-grande.
A formação brasileira se constituiu da melhor cultura negra da África. Segundo Nina Rodrigues, os sudaneses predominaram na Bahia. Os Cacheo e Bissau ficaram em Pernambuco. As pesquisas sobre imigração são raras, pois Rui Barbosa (ministro no governo provisório) mandou queimar os arquivos da escravidão. A genealogia poderia ter se esclarecido bem melhor. Há também o grupo Banto que imigraram para o Rio de Janeiro e Pernambuco. Basicamente, quatro nações (regimentos) povoaram no Brasil: Creolos (sem medo, malévolos); Minas (bravos, “nagô”); Ardas (fogosos e violentos); Angolas (robustos, nenhum trabalho os cansava – ditos “bantos”). As mulheres negras vindas da Serra Leoa e Guiné eram as mais bonitas e despertaram as paixões nos senhores de engenho. Elas eram excelentes para o serviço doméstico. Mas os escravos de Cabo Verde eram os mais robustos e os mais caros. Cabe ressaltar a dominância da importação negreira pela Holanda.
Os “Fulas” eram negros com mistura de sangue hamítico e árabe. Vieram para as capitanias e províncias, depois, Minas e São Paulo.
Para os Estados Unidos, o critério principal de importação era o agrícola; para o Brasil, a falta de mulheres e a necessidade de técnicos para o trabalho com metal. Os Minas e Fulas foram propícios para a domesticação, “mancebas” caseiras dos brancos. Vieram da África donas-de-casa, técnicos para minas, negros entendidos na criação de gado, indústria pastoril, sacerdotes, mestres, comerciantes de pano e sabão, tiradores de reza maometana.
O Islamismo ramificou-se em seita poderosa nas senzalas. Mestres e pregadores da África ensinavam árabe e liam o Alcorão causando ardor religioso entre os escravos. Ex: “Festa dos Mortos”, em Alagoas – referência muçulmana (jejuns, rezas, abstinências).
A Bahia ficou com uma forte relação comercial com algumas cidades africanas (Ardra), fundou-se na África uma cidade com o nome de Porto Seguro (chefes comerciais receberam distinções honoríficas do governo de Daomé).
Os vestuários das mucamas tiveram influência maometana e o negro vivendo num sistema de monocultura foi “instrumento” de apoio firme da vida colonial, ao contrário do índio, sempre movediço.
Sexualidade dos negros: precisam de estímulos picantes como as danças afrodisíacas, cultos... A negra escrava inicia a vida sexual dos meninos da casa-grande. Vê-se aí, a essência do regime: “Não há escravidão sem depravação”. Interesse econômico: possuir maior número de crias. Já dizia Joaquim Nabuco: “a parte mais produtiva da propriedade escrava é o ventre gerador.” Com isso, a sífilis. Inúmeras mulheres “imundas” com a doença... Impureza do sangue. Dr. Álvarez de Azevedo Macedo: “a inoculação deste vírus em uma mulher púbere é o meio mais seguro de extinguir em si.” Diz-se o fim da sífilis através das negras virgens (1869).
As amas-de-leite: aleitamento materno com atestações e exames de sanidade pelo médico. “A sífilis era chamada de “serpente” criada dentro da casa sem ninguém fazer caso de seu veneno”. As doenças venéreas se propagam mais à vontade com a prostituição doméstica. Era comum e não havia receio. A principal causa das doenças sexuais foi a desordenada paixão sexual; não o calor, que muitos acreditavam ser a causa dos males. No séc. XVIII, em livros estrangeiros, registraram o Brasil como a terra da sífilis por excelência. Os mosteiros são exemplo de devastação...
A condição de escravo vivido pelo negro foi o que determinou a sua “libertinagem”, mas o escravo a serviço do interesse econômico e ociosidade dos senhores. “Riqueza adquirida sem trabalho”. Onde a maioria trabalha e a minoria só manda, há forte ociosidade, permitindo o refinamento erótico. Exemplo da Índia, que o amor mais cultivado é o da maior casta (maior o lazer). A “fome” da mulher de 13/14 anos faz do homem um “Don Juan”. Motivados ainda pelo calor... Malemolência... altera a temperatura do homem.
Sob o critério da história social e econômica, é impossível separar o negro da condição degradante de escravo. Condições que favoreciam o sadismo e o masoquismo (senhores quase sem mulher). Isto é, senhores poderosos, escravos submissos; longas travessias marítimas, contato com países de vida voluptuosa; o oriente com todas as formas de luxúria (Ex. Afonso de Albuquerque – requintes libidinosos).
Outro ponto histórico da escravidão, através das mulheres portuguesas, foi a crença da feitiçaria e magia sexual. Antônia de alcunha Nóbrega, Isabel Rodrigues (Boca-Torta), Maria Gonçalves da alcunha Arde-lhe-o-rabo, foram alguns dos personagens citados no livro que tiveram clientes “curando” a sua impotência ou esterilidade (problemas amorosos). Suas práticas podem ter recebido influência africana, porém, em essência, foi a mais pura expressão satânica do europeu que até hoje se encontra misturada em nós (diversidade de culturas). Além de objetos pessoais, ervas, as “mandingas” eram feitas com animais: sapos, aranhas, corujas, pombo, coelho... Outros elementos como pêlos do sovaco, lágrima, saliva, sangue... Faziam parte dos feitiços. A proteção do recém-nascido: ação da ama africana – cordão umbilical, chave no pescoço, nada de escuridão antes do batismo...
As canções de berço de Portugal modificaram-se com a pronúncia da ama, adaptando-as às condições da região. Palavras como “Saci-Pererê, boitatá, caipora, mula-sem-cabeça, sapo cururu são palavras e expressões que adquiriram formas regionais de colocação lingüística.
As superstições, personagens lendários fizeram parte da infância da criança na casa-grande. Histórias contadas pelas amas como “Quibungo” (monstro terrível), ricaço de Pernambuco com seus negros (meninos no saco), o “Cabeleira” (bandido dos canaviais), nas zonas rurais do sul, um turco que comia menino... Dividiam-se em dois grupos de contadores de histórias: os “Akpalô”, contador de contos; “Arokin”, que contavam crônicas do passado.
Importante citar a obra de José Lins do Rego, “Menino de Engenho”, onde retrata comportamento e linguagens. A linguagem infantil “amolecida” com as amas; o processo de reduplicação da sílaba tônica, exemplo: “dodói”, ficando a pronúncia mais dengosa. No norte do Brasil, a fala se desmancha... mais suave... Caldcleugh, no século XIX, no Brasil afirma que o português brasileiro é menos nasalizado que o de Portugal. E alegou o clima como um dos fatores determinantes dessa lassidão. E os padres-mestres que eram responsáveis pela educação dos meninos, foram contra essa influência, utilizando a palmatória e as famosas varinhas de marmelo para aplicar castigo. Exemplos de pronúncias: “mexê”, “muié”, “oxente”... A língua acabou conquistando duas tendências: pronome antes (Brasil) e depois do verbo (Portugal). Na linguagem, o senhor usava: “faça-me...” e o escravo, mulher, filhos falavam: “me dê”.
Quando a criança deixava o berço, ganhava um escravo do mesmo sexo que o seu e mesma idade; fazia-se desde pequeno escravo, um brinquedo do senhorzinho. O melhor brinquedo dos meninos de engenho era montar a cavalo em carneiros, mas na falta de carneiros, os moleques... “Um barbante serve de rédea e um galho de goiabeira, o chicote. Muitas judiarias contra os negros escravos criancinhas eram realizadas diariamente na casa-grande. O ócio levava à violência que gerava prazer!
Sinhá-moça atiçava os moleques, depois, estes sofriam com a castração e até com a morte. Seduzidos, eram obrigados a satisfazerem desejos da sinhazinha e depois ainda eram “condenados” por seus atos. As sinhazinhas casavam com homens 15, 20 anos mais velhos e pela escolha dos pais. Joaquim Manuel de Macedo retrata a história da sinhá com a mucama onde esta conta, ensina, descreve para aquela, os encantos e mistérios do amor.
Muitas vezes, o incesto fazia parte do contexto da vida colonial. O filho branco com a filha mulata do menino pai. Casamentos de tio com sobrinha, primo com prima eram freqüentes; mas muitos também eram os desentendimentos e guerras que tais condições causavam por motivos de herança, terras, honra, política...
Durante o império, negros e senhores se dividiam entre conservadores e liberais e serviram para contra atacar os índios, lutaram na guerra holandesa e guerra do Paraguai. Foram negros fiéis aos seus senhores; como exemplo o conflito “Montes e Feitosas” no nordeste. Vidal de Negreiros, dos Fernandes Vieira, venceram a guerra contra os holandeses, quase sozinhos e sem o auxílio da metrópole, apenas com os negros e cabras de engenho.
Gilberto Freyre faz um belo relato sobre os encantos que as mucamas despertavam nos senhores. “Penetram no coração do homem antes que ele tenha tempo de se defender.”
Quanto ao cunho religioso, a menina da casa-grande deixava de ser criança na primeira comunhão. Era um grande dia. Um momento de muita tradição religiosa, desde o vestuário até a crença cristã e seus valores moldados.
As mulheres casavam cedo (12, 13, 14 anos) e envelheciam muito rápido também, talvez pelo número de filhos. A menina que chegasse aos 15 anos, solteira, sem pretendente, os pais procuravam ajuda dos santos (promessas para Santo Antônio e São João). É relevante citar a presença de um dos maiores casamenteiros da época: o padre Anchieta, jesuíta (XVI). Ainda hoje, nas zonas rurais, há o folclore do casamento precoce e a virgindade porque só tem gosto colhida verde; depois de certa idade, perdiam a delicadeza e o encanto. As meninas de 12, 13 anos, eram vivas, alegres... As de 15, 16 anos, atingiam a maturidade completa e as meninas com 20 anos ou mais, já entravam na decadência (“gordas ou murchas”).
As mulheres, senhoras casadas principalmente, se vestiam de maneira diferente. Havia uma disparidade entre a vestimenta da casa e das cerimônias. Viviam no ócio; apenas davam ordens e ordens estas dadas aos berros... Gritos... um mau hábito.
Nas festas, danças européias se realizavam na casa-grande; na senzala, o samba africano. Importante momento que trouxe uma aproximação destes dois grupos tão antagônicos.
Começava a doçura da relação dos senhores com os escravos domésticos. A promoção de indivíduos com qualidades físicas e morais que se adequavam aos caprichos e objetivos dos senhores na casa-grande. Desta aproximação, o catolicismo ganhou força. Os negros vindos da Angola eram batizados e aprendiam sobre os deveres (dogmas) e participavam do culto. Os negros sofrerão pressão social e contágio religioso. Para Joaquim Nabuco, os escravos tornados cristãos fazem mais progresso na civilização. Os meninos recebiam da suas amas muita bondade, afagos, sensibilidade e a religiosidade. Então, concedido parte do culto para os negros, fizeram de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, seus patronos da irmandade. A religião certamente foi um ponto de encontro entre o senhor e o escravo. Festas como Reis, Natal e Carnaval aproximaram as duas culturas.
As forças do sistema escravocrata sobre o negro foram a casa-grande, senzala e a igreja. Outras forças como meio físico, qualidade alimentar, a natureza e o sistema de trabalho também contribuíram para que Freyre concluísse que a escravidão era terrível, mas necessária.
No Brasil, raros foram os negros puros. A miscigenação com os brancos resultou um indivíduo mais baixo; ao contrário dos EUA que a maioria sudaneses, foram negros mais altos.
Foi forte a tradição de que quanto mais negra fosse a ama-deleite, melhor ela era. As mucamas, as amas sofriam severos castigos das senhoras por causa do ciúme; os dentes alvos e inteiros das negras causavam furor e raiva.
As crianças que faziam xixi na cama sofriam com o medo e a aplicação de castigos, pois a incontinência representava preguiça e mau hábito.
Aparece aí, a figura “comadre”. “Curadoras” especialmente de doenças ginecológicas. Eram parteiras e benzedeiras. Os remédios caseiros eram feitos de ervas, muitas delas prejudiciais à saúde. Era imensa a mortalidade infantil na casa-grande e na senzala, principalmente pela falta de higiene básica infantil; havia um supersticioso horror ao banho e ao ar. Outros fatores contribuíram para a alta taxa das mortes infantis: comidas fortes, vestuário impróprio, aleitamento mercenário, moléstias contagiosas, falta do tratamento médico, dentição e vermes, umidades das casas (mofo) e diferentes temperaturas. Havia uma causa social e econômica que também prejudicou o desenvolvimento das crianças na época: a falta de educação física, moral e intelectual das mães, e mais, idade dos cônjuges, enfim, uma grande negligência. As doenças mais comuns eram “mal dos 7 dias”, sarampo, lombrigas, comer terra e cal (anemia). Vícios e doenças que não tinham tratamento médico e recebiam apenas castigos e vigilância.
Meninos entre 5 e 10 anos praticavam judiarias, brincadeiras sadistas; maldades provocadas por puro prazer. Visconde de Taunay se lembra da infância como a época que judiava dos moleques. Machado de Assis em sua obra “Memórias póstumas de Brás Cubas, relata também a criança pervertida pelas condições da sua formação entre os escravos – malvadeza e gosto de judiar do negro escravo. Os meninos iniciavam sua vida sexual com animais e algumas frutas (melancia, bananeira), mas foi a mulata que antecipou a vida erótica dos meninos. Tinha-se apreciação de que os meninos desde cedo deflorassem as meninas. Pois, assim, aumentariam o rebanho e o capital paternos. E excitados sexuais ao extremo os senhores davam a ordem e as mulatas submissas, obedeciam... Parte de um sistema de economia patriarcal. Convém relatar que as mulatas tratavam seus meninos com mimos, afagos, muito calor. O excesso de dengo se manifestava na paixão que o senhorzinho ao se casar, precisava do pano com o cheiro da sua mucama para excitar-se na relação com a esposa. Os meninos de engenho se relacionavam mais cedo e adquiriam mais experiência com as mulheres do que os do sertão; assim como os meninos do sul dos EUA mais precoces nas relações do que os do norte americano. Criavam-se garanhões desde pequenos e mulatas para ventres geradores. Os brancos foram o elemento ativo e o negro, elemento passivo. Meninos crianças ainda cresceram armados sempre pronto para enfrentarem surpresas de índios ou animais selvagens. Uma precocidade que os fez participarem das angústias e preocupações da vida adulta. E prazeres sexuais também. A virtude branca apoiando-se na prostituição dos negros.
Resenha criada pelas estudantes: Rosangela, Izabel, Aline, Sandra e Larissa.
Formidável
ResponderExcluirEstou fazendo um curso de formação política na Ufscar de Sorocaba que tem o intuito de trabalhar a Lei 10639.
ResponderExcluirA leitura desta resenha me auxiliou a compreender a visão que se tinha do negro no Brasil.
Acredito que a partir dai, teremos mais condições de desmistificar certos tabus que ainda hoje existem em nossa sociedade.