quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Reportagem do Jornal Nacional do dia 21/09/12



Analfabetismo cai, mas porcentagem de jovens na escola diminui, diz:

Dificuldade está na manutenção dos adolescentes entre 15 e 17 anos nas instituições. Eles deixam os estudos, mas também não entram no mercado de trabalho.

IBGE divulgou nesta sexta-feira (21) a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). É um estudo importantíssimo sobre o nosso país, sobre os hábitos dos cidadãos, as condições em que nós vivemos no Brasil. A partir desta sexta, e nos próximos dias, o Jornal Nacional vai apresentar algumas das informações mais relevantes dessa pesquisa.
O tema da primeira reportagem é a educação, o avanço no combate ao analfabetismo, mas também a dificuldade para manter jovens na escola.
Enxergar o sentido das letras é uma descoberta para quem passou a vida toda sem decifrar as palavras.
“Quando vem o ônibus, até que a gente termina de ler a frase já passou”, brinca a aposentada Maria Neri Dias.
A proporção de brasileiros acima de 15 anos que não sabem ler ou escrever até caiu, de 9,7% em 2009 para 8,6% em 2011, mas o contingente de analfabetos ainda está longe de ser pequeno, quase 13 milhões de pessoas. Mais da metade na região Nordeste, com 52,7%.
Quanto maior a idade, maior o problema. Quase 60% dos analfabetos têm mais de 50 anos.
Como Maria, 65 anos, que vai ter o segundo dia de aula nesta sexta-feira (21).
“Eu quero aprender. Comprar um notebook e aprender a passar um e-mail para minha sobrinha”, diz ela.
Os estudos fazem parte da rotina de quase todas as crianças, mas a porcentagem de jovens de 15 a 17 anos na escola diminuiu. Em 2009, eram 85,2%. Já em 2011, 83,7%.
O pior é que os jovens que deixaram os estudos também não entraram no mercado de trabalho.
Os livros estão guardados há um ano, desde que Carlos deixou a escola para reforçar a renda da família. Mas ele trabalhou apenas dois meses como ajudante de pedreiro. Ganhava R$ 30 por dia. A obra acabou e Carlos descobriu que para conseguir outro trabalho vai ser preciso voltar para a escola.
“Já fui nas farmácias, no mercado novo que abriu e nada”, conta ele.
A escola tem um desafio: devolver a esses jovens a capacidade de sonhar com o futuro.
“É preciso ter uma mudança quase que cultural, de que os adolescentes têm que trocar a renda de hoje por uma renda maior no futuro através da educação”, ressalta a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.
A pesquisa também registrou a tendência de envelhecimento da população. Em 2011, o número de brasileiros maiores de 30 anos superou o de adolescentes e jovens.
Quem diria, a garotada foi ultrapassada pelos coroas. Há 40 anos, todo mundo falava em pirâmide populacional. A base da população, ocupada pelos mais jovens, era muito maior do que o topo, onde estão os idosos. Mas a pirâmide foi mudando. Segundo o IBGE, em 2011, 23% dos brasileiros eram crianças e adolescentes, 25% jovens, 39% tinham entre 30 e 59 anos e 12% já viviam na melhor idade.

“Aqui eu faço ginástica e danço, só. Já não é muito? E pulo corda”, exclama a comerciante Regina Hoffmann.
Nesse ritmo, e com famílias cada vez menores, o IBGE prevê que o que um dia foi uma pirâmide, em 2050 vai virar quase um retângulo, como em países europeus.
Essas transformações importantes que a gente vê acontecendo na população brasileira são consequências de melhorias na saúde, saneamento, educação e principalmente de grandes avanços na medicina, que permitem às pessoas viver mais e melhor. E é justamente nesse campo, a medicina, que o Brasil precisa se preparar. Afinal de contas existe um contingente enorme de brasileiros precisando cada vez mais de cuidados.
“Você tem que ter programas sociais, de saúde, de inserção no mercado de trabalho. E na hora que você conseguir associar tudo isso e colocar também o lazer, as adequações em relação à cidade vão melhorar a qualidade de vida nas faixas mais elevadas”, aponta o geriatra da Unifesp João Toniolo.
Assim, muitos médicos decidem voltar para sala de aula.

“O objetivo de estudar, de voltar para fazer a geriatria é esse, proporcionar o envelhecimento saudável. O filho que eu tenho na barriga vai viver por volta de uns noventa anos”, diz a médica Cristiane Baito.

Todo o sentido. Os brasileiros com mais de 90 anos já são 450 mil.
A taxa de desemprego no Brasil chegou ao menor nível desde a adoção da atual metodologia de pesquisa, em 2004. O número de desempregados caiu quase 20% em dois anos. Mais da metade dos que procuram emprego não concluiu o ensino médio e mais de um terço tem idade entre 18 e 24 anos.
Contribuição do Geovane Medeiros

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