sexta-feira, 28 de maio de 2010

I Fórum Internacional da Temática Indígena

I Fórum Internacional da Temática Indígena

Promoção:

Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGHIST/UFRGS)

Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS)

Datas:

27 a 30/6/2010

Local:

Centro Cultural CEE Erico Veríssimo – Auditório Barbosa Lessa

Avenida das Andradas, 1223 – 4 andar/ Bairro Centro

Porto Alegre – Rio Grande do Sul (Brasil)

Carga Horária:

40 horas aula.

Inscrições:

Vagas limitadas (150), com inscrições prévias entre 24/05 e 24/06 pelo e-mail forumindigena@hotmail.com ou pelo site www.ufrgs.br/ppghist/forumindigena.

Valores:

30 reais, com isenção de taxas para indígenas. O pagamento será efetuado no local, juntamente com a retirada das credenciais no dia 27/06, entre às 16:00-18:00 horas.

Apresentação:

As distintas dimensões de significados que compreende de ser índio no Brasil do século XXI refere-se a indivíduos e coletividades que fazem parte de um processo dinâmico de negociação, conflito, mestiçagem e resistência sócio-cultural. Os índios brasileiros vivem hoje em um contexto multiétnico, em interação contínua, muitas vezes convergente, outras tantas conflituosa, com a sociedade nacional e também entre si. Nesse sentido, estudos sobre a temática indígena têm suscitado, cada vez mais, diálogos interdisciplinares entre os campos da arqueologia, da antropologia, da história e da educação. Nas duas últimas décadas, a interdisciplinaridade tem contribuído para que pesquisadores de diferentes áreas aprofundem o entendimento sobre as diferentes formas de interação e relação sociocultural entre as populações indígenas e as sociedades envolventes. Porém, o avanço obtido no campo das instituições e do conhecimento nem sempre corresponde a uma melhora da situação vivida pelas comunidades indígenas no seu cotidiano ou ao entendimento das sociedades indígenas por parte da sociedade nacional. Desse modo, o I Fórum Internacional da Temática Indígena apresentar-se como um terreno profícuo ao debate ao agregar pesquisadores com formação em diversas áreas do conhecimento, de maneira a garantir uma compreensão mais aprofundada sobre os aspectos sócio-políticos que têm permeado as vivências indígenas no passado e no presente, contribuindo para ampliar e difundir o conhecimento científico sobre elas a partir da proposição e implementação de ações afirmativas. Ressalta-se ainda que a proposta deste evento busca suprir a ausência de espaços de debate interdisciplinar no país relativos à temática indígena, visando igualmente integrar neste diálogo representantes das comunidades indígenas.

Programação:

27/06/2010

16:00- 18:00 – Inscrições e retirada de credenciais

18:00 – Cerimônia de abertura

19:00 – Conferência de Abertura

Guillaume Boccara (CNRS) – O Lado Escuro do Multiculturalismo: Etnificação e Etnogênese na Era do Neoliberalismo

28/06/2010

09:00–12:00 - Mesa Redonda - Os Índios Como Sujeitos na História: Reflexões sobre a Práxis Histórica e Agencia Indígena

Palestrantes

John Manuel Monteiro (UNICAMP)

Guillermo Wilde (CONICET/UNSM)

Eduardo dos Santos Neumann (UFRGS)

Debatedor: Guillaume Boccara (CNRS)

12:00-14:00 - Intervalo

14:00-17:00 - Mesa Redonda - Os Indígenas na Formação das Práticas Educacionais, Patrimoniais e Cidadãs

Palestrantes

Alcida Ramos (UNB)

Circe Bittencourt (USP/PUCSP)

Marcia Bezerra (UFPA)

Debatedora: Maria Aparecida Bergamaschi (UFRGS)

17:00-18:00 - Intervalo

18:00- 21:00 - Mesa Redonda - Ensino da História e das Línguas Indígenas

Palestrantes

João Maria Fortes (UFRGS)

Vherá Poty

Selvino Kókáj Amaral

Bruno Ferreira

Mario Karai Moreira (UFRGS)

Dorvalino Cardoso (UFRGS)

Debatedor: Zaqueu Key Claudino (UFRGS)

29/06/2010

09:00-12:00 - Mesa RedondaO Conhecimento Antropológico e a Elaboração de Laudos de Demarcação de Terras Indígenas

Palestrantes

João Pacheco de Oliveira (MN/UFRJ)

Fábio Mura (UFPB)

Valéria Soares de Assis (UEM)

Debatedor: Sergio Baptista da Silva (UFRGS)

12:00-14:00 - Intervalo

14:00-17:00 - Mesa Redonda - As Demandas Indígenas e os Laudos e Demarcações de Terras

Palestrantes

José Cirilo Pires Morinico

Danilo Braga (UFRGS)

Rafael Adércio Custódio Tikuna

Debatedor: José Otávio Catafesto de Souza (UFRGS)

17:00-18:00 - Intervalo

18:00- 21: 00 – Mesa Redonda – O Poder Público e as Demandas Indígenas

Palestrantes

Francesco Conti (MPE)

Tobias Vilhena de Moraes (IPHAN)

Beatriz Muniz Freire (IPHAN)

João Maurício Farias (FUNAI)

Sonia Lopes dos Santos (CEPI)

Deoclides de Paula (CNPI)

Debatedor: Mário Karai Moreira (UFRGS)

30/06/2010

09:00-12:00 –Mesa RedondaArqueologia Pública Latino Americana e a Questão Indígena: Reflexões sobre a Construção do Conhecimento sobre o Passado

Palestrantes

Cristóbal Gnecco (UCauca)

Alejandro Haber (CONICET/UNC)

Fabíola A. Silva (MAE/USP)

Debatedor: Márcia Bezerra (UFPA)

12:00-14:00 - Intervalo

14:00 – 17:00 - –Mesa Redonda – Experiências Educacionais e o Sistema de Cotas Indígenas na Universidade

Palestrantes

Lucíola M. Inácio Belfort (UFRGS)

Vanderlei Kafey Malaquias (UFRGS)

Denize Letícia Marcolino (UFRGS)

Leonilso Bellini (UFRGS)

Éderson Sagre Ferreira Doble (UFRGS)

Marlon de Freitas Pandolfo (UFRGS)

Eloir de Oliveira (UFRGS)

Angélica Domingos (UFRGS)

Gilmar Fagveja Claudino (UFRGS)

Cleverson Ne Vengnag Claudino (UFRGS)

Sirlei Ribeiro (UFRGS)

Debatedor: Ângelo R. Pereira da Silva (UFRGS)

18:00-19:00Cerimônia de Encerramento e apresentação do Coral Mbya-Guarani da Aldeia do Cantagalo.

19:00 - Conferência de Encerramento

John Manuel Monteiro (UNICAMP) - O Futuro da História dos Índios no Brasil: Perspectivas de Pesquisa e Ensino

Pessoal, quem tiver interesse em debater história e gosta de um filme esse ciclo de filmes é muito bom!







HISTÓRIA NO CINEMA COM A UFRGS
PARA PRÉ-UNIVERSITÁRIOS - ANO 7

Ciclo de filmes relacionados com temas do

vestibular e do Enem, seguido de palestras com

graduandos, pós-graduandos

e professores da UFRGS.

PROGRAMAÇÃO

Sessão

Data

Assunto

Filme

Palestrante (s)

03/07

Antiguidade

Asterix Missão Cleópatra

Rafael Balardin

10/07

Idade Média

Jabberwocky - Um herói por acaso

Rafael Faria de Menezes e

Rodrigo Moraes Alberto

17/07

Idade Moderna

Giordano Bruno

José Rivair Macedo e Rivadávia Júnior

24/07

Período Colonial

Caramuru

Marla B. Assumpção e Milene Bobsin

31/07

Revolução Industrial

Tempos Modernos

Daniela Conte e Fernanda Figueiró

07/08

Revoluções Burguesas

Danton

Gabriela Rodrigues

14/08

Escravidão

Quanto vale ou é por quilo

Jovani de Souza Sherer e

Guilherme de Fraga

21/08

RS

Netto perde sua alma

Mariana Flores da Cunha Thompson Flores

28/08

Brasil Império

Xangô de Baker Street

Fábio Kuhn e

Alfredo Campos Ranzan

10ª

04/09

Imperialismo e I Guerra Mundial

Mosaico de Filmes

Marcos Machry

11ª

11/09

Revolução mexicana

E estrelando Pancho Villa!

Rafael Hansen Quinsani

12ª

18/09

República Velha

Sonhos tropicais

Cássio Pires

13ª

25/09

Era Vargas: Integralismo

Aleluia, Gretchen!

Fernanda Tondolo e Nathália Cadore

14ª

02/10

Nazismo

Amém

Enrique Serra Padrós

15ª

09/10

II Guerra

Cartas de Iwo jima

Luiz Dario Teixeira Ribeiro

16ª

16/10

Guerra Fria

Dr Fantástico

Graciene de Ávila e

Aníbal Alvarez

17ª

23/10

Ditaduras de Segurança Nacional

Mosaico de filmes

Davi Ruschel

18ª

30/10

Imperialismo na América Central

Sob fogo cerrado

Cláudia Wasserman e Tatiana Perez

19ª

13/11

Conflito Árabe-Israelense

Promessas de um novo mundo

Sandro Gonzaga

20ª

20/11

África contemporânea

Apertando a mão do diabo

Mariana Ferreira e Silva e

Larissa Durlo Grisa

Inscrições antecipadas: de 21 a 25 de junho, das 09:00 as 18:00 horas na Sala Redenção.

UFRGS – Campus Central.

R$ 40, 00 (50% de desconto para estudantes da rede pública e cursinhos populares)

Informações: 3308-3034

www.historianocinema.org

historianocinema@gmail.com

VAGAS LIMITADAS

UFRGS

Departamento de História

Cinema Universitário – Sala Redenção

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A Tradição Guarani: Alguns aspectos da Sociedade e da Educação



Ellen Mendonça de Lima
[1]

A partir da leitura de “Educação Ameríndia” (MENEZES; BERGAMASCHI, 2009) pude visualizar algumas características da sociedade guarani, as quais considero fundamentais para se compreender o Nhande Reko (modo de vida, na língua Guarani) deste povo.
O primeiro aspecto importante diz respeito a educação. Na cosmologia Guarani, educação não se separa, nem no tempo ou no espaço, das outras práticas sociais. Esse povo demonstra uma “visão abrangente de educação e a elege como meio para afirmar a tradição, fio indispensável na confecção da pessoa Guarani” (MENEZES; BERGAMASCHI, 2009. P.91).
A respeito da educação Guarani, em suas características mais específicas, podemos citar a curiosidade como marca fundamental à aprendizagem. Como diz um professor Guarani: “Para aprender tem que perguntar” (MENEZES; BERGAMASCHI, 2009. P. 88), se referindo à curiosidade tal que leva o indivíduo a fazer perguntas. Nessa perspectiva quem tem curiosidade busca o saber de forma autônoma, a partir de seus interesses. Outra característica da educação Guarani é a observação. As crianças Guarani aprendem pela observação dos modelos – especialmente seus irmãos maiores – imitando e também fazendo, sendo que a ação e a prática são primordiais nesta forma de educação.
A educação tradicional Guarani também traz a oralidade como forma de se dispor ao ensinamento que é oferecido pelo outro. Nesta cultura, a oralidade não é valorizada e expressada apenas pela fala, mas na escuta atenta e respeitosa à palavra. Ainda podemos destacar que no Nhande Reko Guarani a tradição e o respeito à experiência e ao saber dos mais velhos é a base de toda a vida social e essa tradição é passada e transferida entre as gerações através da oralidade.
Por fim, destaco o respeito como característica fundamental presente na educação Guarani, não apenas respeito aos mais velhos, “mas também um respeito a cada pessoa em sua individualidade, na forma de expressão de si e na busca do conhecimento e dos seus limites” (MENEZES; BERGAMASCHI, 2009. P.90).


[1] Acadêmica de Pedagogia, UFRGS.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

EDUCAÇÃO AMERÍNDIA
A dança e a Escola Guarani


Dentro da perspectiva Guarani o que mais me surpreendeu foi o cuidado que os índios possuem não apenas com as pessoas, mas também com a própria natureza, ou seja, a cosmovisão xamânica Guarani considera a sociedade como um todo.
O cuidado dentro desta perspectiva se caracteriza não apenas pelo cuidado em si, mas um cuidado onde o objetivo é fazer com que o outro adquira autonomia. Esta relação de cuidado se estabelece entre indivíduo/indivíduo, como também entre indivíduo/universo, visto que este povo acredita ser constituído por duas almas: uma é a palavra alma sagrada-Ayvuine, porção divina, a outra é a alma telúrica ou animal-Asygua, a porção imperfeita do ser, responsável pelas paixões mundanas, e dentro desta perspectiva, os índios Guarani valorizam o universo acreditando que elementos da natureza, como a pedra, possuem uma alma a qual também deve ser respeitada.
A visão do cuidado com o universo tem seus reflexos na educação Guarani, perspectiva que permite aos indivíduos uma percepção maior de si e do outro, onde o sujeito é um ser individual e coletivo o que torna possível uma maior aceitação do outro como ele é, ou seja, torna possível a compreensão das diferenças entre os sujeitos.
Portanto destaco o cuidado como sendo um elemento de fundamental importância da educação ameríndia, pois, abrange diversos parâmetros dentro da constituição do indivíduo. Desta forma acredito que essa relação de cuidado com o outro seja um aspecto importante dentro da educação, pois permite aos indivíduos uma maior reflexão sobre si e sobre os outros levando em consideração as diferenças que tanto enriquecem as relações sociais e também permite uma maior atenção na constituição do outro para que a autonomia seja conquistada, porém, sempre levando em consideração a coletividade.





Joseane Frassoni dos Santos
Acadêmica de Pedagogia - UFRGS

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Povo Guarani.



Eis um pouco da História com H, de um povo sofrido, batalhador e pioneiro de nossa História. Um povo que batalhou e batalha sempre para ter os seus direitos, o seu reconhecimento. Um povo que valoriza a terra, a natureza, que valoriza a vida.
Já desde a História estudamos a habitação dos povos indígenas em nosso território, mas nunca paramos para pensar e questionar quem são realmente esses povos. Estuda-se muito a História antiga dos Guarani e esquecemo-nos de rever nossos conceitos sobre quem são eles.
Esquecemos de analisar na contemporaneidade os traços desses povos, seus modos de viver, sua cultura e também o âmbito da Educação. Acabamos assim, sendo sujeitos “pré históricos” quando nos tornamos analíticos desse povo, dessa cultura.
O que vemos em nossa sociedade são pessoas guarani tendo que se adequar ao nosso modo de viver, como se fôssemos precursores de toda a História. Não pouco respeito por uma cultura, por uma sociedade, por um povo. Falam-se muito em preconceito racial, homofobia, etc. Esquecemos, porém, que existem vários tipos de preconceitos e um deles é tratar os índios como se fossem “homens Neandertais”. Isso no meu modo de ver é um crime de uma sociedade individualista e excludente.
Na história dos Guaranis podemos dizer que nas regiões mais frias do planalto, a cerca de 5.000 anos atrás, surgiram as primeiras tribos no Rio Grande do Sul. Os Guarani vieram depois, tinham preferência pelas várzeas dos grandes rios.Migravam quando as terras deixavam de ser férteis, mas não eram considerados nômades e sim, semi-nômades, isso se tratando de antiguidade.
Aos costumes desse povo podemos citar que o povo Guarani é agricultor cultivando principalmente milho, batata doce, aipim, amendoim, erva mate, etc.Sua culinária é criativa e interessante. Tudo o que o Guarani faz e constrói tem haver com espiritualidade, expressa através da música. Entre os instrumentos por eles usados na atualidade podemos citar: flauta, instrumentos de percussão, chocalho etc.Eles são silenciosos, mas suas palavras são ricas em imagem e expressão, com narrativas, crenças, músicas. Podemos resgatar conhecimentos ancestrais. As músicas significam cultura e refinamentos espirituais. O artesanato é sempre preocupado em retratar a mata e os seres vivos. Eles matam, pescam, mas mesmo assim têm amor pela natureza.Fazem tecelagens com pedaços de peles como: cobras, onças e outros.
Não podemos nos esquecer que nas aldeias existem os chefes que também praticam a cura através de plantas e rituais espirituais, como vimos em um filme em sala de aula que retratava a História atualizada das tribos indígenas Guaranis e a localização das tribos em nosso Estado.
Muitos dentre nós ficamos espantados quando vimos índios utilizando celular, usando roupas, utilizando fogão, etc. Mas se eles estivessem atrelados ao passado em todos os aspectos seriam condenados pela nossa excludente sociedade. Se você pratica algo você foge de suas origens, se não pratica você é um ser ultrapassado.
O mais difícil para mim é entender quem somos nós, que tipos de seres humanos somos e que sociedade é essa que estamos inseridos.


Eder Propp Anflor
Acadêmico de Pedagogia

Educação Ameríndia

Maria Luciane Briddi Costa[1]


A leitura do livro Educação Ameríndia: a dança e a escola Guarani[2] possibilitou uma aproximação à cultura indígena, permitindo um melhor entendimento sobre o modo de ser e de viver indígena e a relação disso com a escola ocidental.
Muitos fatos se destacam pela diferenciação marcante da nossa cultura. Entre eles o que mais me chamou a atenção foi em relação à educação infantil e autonomia. Os pais não costumam interferir nas brincadeiras e nas atitudes dos filhos, deixando com que eles próprios descubram os seus limites e as suas possibilidades. Ao nosso primeiro olhar isso pode parecer um descuido, ou uma falta de cuidado. No entanto, na cultura indígena se trata de um cuidado à distância, pois os pais ou os irmãos mais velhos estão sempre por perto orientando, no entanto há um respeito muito forte ao “deixar fazer”, pois acreditam que só assim as crianças se descobrem.
Não existem castigos ou premiações por boas atitudes na cultura indígena, por que segundo eles, isso se dá em função de “julgamentos morais que ocasionam ações visando adequar a pessoa a um comportamento adequado” (MENEZES E BERGAMASCHI, 2009, p.92). Para os indígenas, “a virtude ou a falta dela denota a natureza do ser” (MENEZES E BERGAMASCHI, 2009, p.92).
No entanto, esta não intervenção não tem relação nenhuma com descuido, pois os menores estão sempre aos cuidados dos pais ou dos irmãos maiores, há um acompanhamento constante e é assim que eles aprendem: pelo exemplo e pela palavra, sem julgamentos. Contudo, vale salientar que este exemplo, não se trata de que os adultos sejam perfeitos exemplos e não há uma intenção prévia de realizar certa ação com a intenção de educar. A educação está intrínseca em todas as atividades e m todas as coisas, pois as crianças não aprendem só através do adulto, mas da natureza como um todo, aprendem através dos sentidos.
Assim, o espaço para uma escola ocidental ser inserida nesta cultura se torna restrito. A rigidez com o horário, com a obrigatoriedade dos conteúdos, a importância da escrita, a separação etária, tudo isso é muito distante da cultura indígena onde o tempo da criança é totalmente respeitado, as crianças vão para a escola, quando sentem a necessidade, quando desperta o interesse; os conteúdos desenvolvidos são experiências de vida e fatos indispensáveis para perpetuação da cultura e a escrita não tem relevância, pois tudo isso se dá através da palavra e a escuta tem um papel fundamental.
Então, porque querem a escola? Segundo alguns depoimentos, o papel da escola na aldeia só teria a função de transmitir aos índios o saber dos brancos, que para eles tem ligação direta com o idioma e com a escrita. Para aprender a cultura indígena e o saber desse povo, a escola não teria função alguma. No entanto, a escola se faz necessidade para a conquista da autonomia desse povo, já que quem faz as leis na sociedade são os brancos e para os brancos, tudo gira em torno da escrita, eles sentem essa necessidade de se interarem sobre o idioma e aprenderem a ler e a escrever para que possam opinar sobre as leis que diz respeito ao seu próprio povo e para não serem enganados. Ainda há a necessidade de conhecerem também o dinheiro, visto que o modo de sobrevivência de muitos deles é a venda de artesanatos.
É importante salientar que não se trata de um processo que “branquidade”, que há intenção de apropriação da cultura do outro, mas com uma preocupação de não deixar morrer a sua. É justamente para não ver o seu povo submisso, que os indígenas procuram conhecer a cultura do branco. No entanto, esse é um movimento unilateral, pois não há na sociedade dos brancos esse movimento de procurar conhecer o outro e de respeito à cultura do outro. E esse seria só mais um dos aspectos a serem reconhecidos na cultura deles.
Não quero aqui menosprezar nossa cultura, mas penso que essa posição de absoluta, de auto-suficiente, traz muitas perdas e teríamos muito a aprender com os indígenas – num movimento reverso, bilateral – entre elas a visão de infância, de tempo e de escola.







____________________________
[2] MENEZES, Ana Luisa Teixeira de e BERGAMASCHI, Maria Aparecida. – Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2009.
[1] Acadêmica de Pedagogia, UFRGS.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Exposição: Ivo viu a uva: Mudanças e permanências na educação Republicana

.
O Museu Julio de Castilhos, instituição museologica mais antiga do RS, convida para a abertura de sua nova exposição:


(Clique sobre a imagem para vê-la ampliada)

domingo, 2 de maio de 2010

CONVERSAS SOBRE ÁFRICA


Pessoal,

Eu, Mateus, juntamente com as professoras Dóris e Maria Aparecida, estou organizando um "evento" sobre história dos países africanos, uma conversa com estudantes africanos para a disciplina de História da Educação no Brasil.

Será esta segunda-feira, dia 3 de maio na sala 501 da Faculdade de Educação e o outro encontro será na quarta no mesmo horário (será na sala 503).

Serão dois encontros:

- No primeiro irá conversar conosco Filipe Sakalongo Ulica, estudante da PUCRS e nativo de Angola. Falará sobre a história do país dele e sobre como é a educação lá. Entre outros temas.

- No segundo encontro conversaremos com Adilson Lopes da Penha, estudante aqui da nossa universidade e nativo de Cabo-verde. Falará também sobre a história do seu país e sobre a educação.

Queremos convidar vocês a participarem desta oportunidade de conhecer uma outra cultura e de escutar as impressões que eles também tem da nossa educação. Esperamos um debate rico.

O evento será às 10:30 e irá até 12h (podendo estender-se quando houverem muitas
perguntas);

Todos estão convidados. Os lugares na sala são poucos, por isso. Cheguem cedo.

Um forte abraço à todos!E pensem com carinho no convite!

Mateus